quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Relax



Às vezes, a gente levanta,
Se olha no espelho
E sente que está
realmente, um trapo.
Nenhum vestido adianta,
Nem batom vermelho,
Esquece a festa,
Esquece o papo.
Mas também não entra na deprê
Que não é só com você
E ninguém tem que ser
Todo dia linda e sexy.
Então, baby, please...relax!

Tem dias que o dia começa
E o sol anuncia:
Não saia da cama
Que vai dar tudo errado!
No primeiro passo tropeça
E o sol que luzia
Pra não ver seu drama
Vira tempo fechado.
Também não é pra tantos ais
E não tem nada demais
Se rasgou cem reais.
É só remendar com durex.
Então, baby, please ... relax!

Tem coisa que vira um dilema
Na vida da gente.
Difíceis escolhas,
Qual a melhor decisão?
Seriam soluções do problema
Apagar a mente,
Morar numa bolha,
Ou virar ermitão.
Mas, nem tudo é motivo pra choro
Ou clamar por socorro,
Tanto faz se o cachorro
Vai chamar Bingo ou Rex.
Então, baby, please...relax!

Um dia você fatalmente descobre
Que está ficando velha
E no que antes era útil
Hoje não  serve mais.
Por mais que você se desdobre
Ou só coma ervilhas,
O tempo hostil
Lhe apresenta os sinais.
Mas, isso não é nenhum absurdo
Tem vantagens em ficar surdo.
Obsolescência é pra todos e pra tudo,
Também foi assim com o fax
Então, baby, please...relax!















sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Aos moralistas


São guerreiros os artistas,
Os poetas e ativistas
Sempre alvos dos patetas
Da elite moralista
Que defendem os bons costumes
Em alto e bom volume
Fechados em suas gavetas
Se dizendo tão incólumes.

Saiba então, senhor pudico
Que se porta como síndico
Do mundo e da vida alheia,
Do seu aval, eu abdico.
Seu conceito de moral
Não conhece o bem e o mal.
Sua arrogância é muito feia,
Você não é o maioral.

Abaixe o dedo que me aponta
Pois, não é de sua conta
Quem se deita em minha cama.
Seu olhar não me amedronta.
Te afronta a felicidade
De quem vive de verdade
E não se importa com a fama
Nas bocas cheias de maldade.

Me matar com seu veneno
Nunca esteve entre meus planos.
Então, me deixa gozar
Como já gritou Caetano.
Enquanto eu penso em sorrir
Você tenta reprimir,
Mas, se me impede de sonhar
Eu te impeço de dormir.









.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Ser e não ser - eis a solução.


Não sou somente corpo,
Tampouco, apenas alma.
Eu sou um policarpo,
Frutifico fúria e calma.
Eu sinto com a cabeça
E penso com o coração.
Sanidade com cachaça,
Loucura com razão.

Não sou de todo bem
Nem sou de todo mal.
O que, a mim, convém
Contempla o plural.
Eu sou boa vontade
Com um toque de desdém.
Sou tudo pela metade
Mas, tudo em mim contém.

Só eu não sou ninguém,
Pois, enquanto ser global,
Sou só mais um e eu sou quem
Complementa o total.
Sou o que não entendo
E também o que agrego.
Eu sou o que defendo
Tanto quanto o que nego.

Sou como você me enxerga
E o que não pode ver
E ainda me integra
O que eu não posso ser.
Também sou o que sonho,
Pois, no sonho sobressalta
Aquilo do que não disponho.
Também é real o que me falta.

Eu sou o indefinível
Com códigos de barras.
Sou o crível e o incrível,
Sou formiga e sou cigarra.
Eu sou tudo o que sim
E sou tudo o que não.
Eis, então, que para mim
Ser e não ser é a solução.










sábado, 12 de janeiro de 2013

Saudade (dedicado e em parceria com vô Juca)

Saudade
O meu peito dilacera
Nessa imensa vontade
De que tudo seja novamente como era.

Saudade
O meu peito se amansa
Numa incrível habilidade
De alimentar em novos dias a esperança.

Saudade
O meu peito se orienta
Na crença da verdade
De que a vida vai quando já não se aguenta.

Saudade
O meu peito não entende
Toda sua complexidade
Então, ora ele escurece, ora ele se acende.

Saudade
O meu peito vagabundo
Quase como caridade
Te abriga e se oferece como seu mundo.

Mundo, mundo, mundo,
Fundo, fundo,
Maior.