sexta-feira, 9 de março de 2012

O que eu quero de nós


Me chama
Que ardendo em chamas, de noite na cama,
O que enxergo de nós
É a enchente dos corpos suados, extasiados
Encharcando os lençóis.

Me leve,
Me pegue de leve, pois muito em breve
Ainda busco pra nós
Aquela chance atrasada, já tão adiada
De estarmos a sós.

Em suma
Resuma as vontades em uma pra que se consuma
E suma com nós.
Assuma o desejo escondido, há tempos impedido
De unir nossos nós.

Na veia,
Ateia seu fogo, me ate em sua teia
Que o que eu quero de nós
É o sangue que queima latente que nem aguardente
E nos deixa sem voz.

Se apressa
Confessa que tá nessa, que me quer à beça
E o que interessa pra nós
É encontrar o momento propício aos vícios lascivos
E nos fazer em pós.

Me amansa,
Me tem que me cansa e traz as lembranças
Que eu tenho de nós
Dois corpos grudados em tranças, fazendo lambança
Num delírio feroz.

Me solte
Mas não se revolte quando num boicote
Eu me despeço de nós.
Talvez, vez ou outra, eu volte trazendo de rebote
Essa saudade atroz.