terça-feira, 29 de outubro de 2013

Melhor que nada (uma ova!)


Nem tudo é
Melhor do que nada,
"Melhor que nada"
Não é o suficiente.
Era melhor que nada
Me faltasse na vida
Era melhor que nada
Me fizesse indigente.

"Melhor que nada"
Não me enche a barriga,
"Melhor que nada"
Não preenche a estante.
Era melhor que nada
Me atrapalhasse na lida
Era melhor que nada
Me quisesse ignorante.

Melhor que nada
É seu sorriso na cara,
Melhor que nada
É um beijo no escuro.
Melhor que nada
Nos reprima essa tara
Melhor que nada
Nos separe por muros.

Melhor que nada
Não me torna mais dócil,
Melhor que nada
Não me faz ficar mudo.
"Melhor que nada"
É o jeito mais fácil
De outros terem
O melhor de tudo.

Morte e Vida



Sempre que alguém parte
Há que se entender
Que não existe arte
Que provoque o esquecimento.
Há que se aceitar
Que faz parte da vida
Cada morte
Cada despedida.

Há que se esperar com calma
O tempo pro alívio da alma
Pois, sempre chega o momento,
Ainda que tarde,
Em que o sofrimento se cansa
Para, então, de escorrer pelos olhos
E transforma a dor e a saudade
Numa incrível esperança.

Mas, sempre que alguém chega
Sempre que vem uma nova criança
É tanta felicidade
Tanta emoção
Que toda tristeza de outrora
Ocupa espaço na memória
E abre lugar no coração.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Pronto, falei.



Hey, moço,
Posso falar?
Você é massa.
Posso falar?
Meu sangue pulsa
Se você passa e eu penso
Que possa ter pensado em mim.

Hey, moço,
Posso falar?
Te vi na praça.
Posso falar?
Pisei na poça.
Se você está por perto
Eu sempre fico cega assim.

Hey, moço,
Posso falar?
E não disfarça.
Posso falar?
Te dou um doce
Se a gente fosse pra
Um passeio juntos no jardim.

Hey, moço,
Posso falar?
Eu te confesso.
Posso falar?
Na missa eu peço
Que o diabo te force
A comer a maçã até o fim.

Hey, moço,
Posso falar?
Perdeu a graça.
Posso falar?
Dê mais um passo
E eu te faço perceber
Que a gente pode ser um só, enfim.

Pronto, falei.